Sessão 18 20/02/2022
Na penumbra de uma sala, os
aventureiros encontram-se diante de um estranho homem, Uri, o qual conheceram momentos
antes.
Uri volta a apontar para o poço a
sua frente, e repete “Preciso que me ajudem”, naquela voz estranha, onde as sílabas
parecem ser pronunciadas separadamente formando sentenças inteligíveis mas que
soam desconfortáveis aos ouvidos. Sobre o poço, uma pesada chapa de metal é
fixada com duas outras hastes cruzadas, que são presas por cadeados.
Urhan se aproxima cuidadosamente e
pergunta o que há lá dentro. Uri responde “Meus irmãos estão lá dentro.”
- “Quantos estão lá?” pergunta Urhan.
- “Somos muitos.”
Enquanto Uri e o sacerdote de
Cthulhu conversam, Jorah recolhe o martelo de guerra e Andras a cota da malha
que estavam sobre a mesa de madeira.
O pastor então se aproxima do
poço com um pé-de-cabra, e examina as hastes e cadeados. Nota que em cada uma das
hastes, uma estranha runa está desenhada. Olha desconfiado para a runa e
encaixa o pé-de-cabra sob uma das hastes, se prepara para forçar a barra, mas
para e pergunta “Alguém conhece esse símbolo?”
Urhan se aproxima, examina a runa
e lembra de em algum momento ter estudado um conjunto de runas da qual esta
fazia parte... se não se engana, esta significa “Cuidado”. Olha mais
detidamente para os cadeados, e oxidados e empoeirados, acredita estarem ali há
muito tempo.
Diante da hesitação dos companheiros,
Jorah diz “O que está trancado, deve permanecer trancado.”
Urhan confiante da proximidade de
tantas referências a Cthulhu, se concentra e evoca um encantamento de Detectar
Magia. Quase que ao mesmo tempo, Jorah se concentra nas dádivas de Gorhan e
implora que lhe conceda a capacidade de Detectar o Mal. Urhan, sente o poder de
Cthulhu se espalhar pela sua mente e seus olhos, e ao examinar o ambiente, além
de pontos específicos de Jeremias que o astrólogo já conhecia, nota emanações
arcanas vindo no martelo que Jorah acabou se recolher, da cota de malha que
Andras conseguiu e das runas inscritas nas barras de metal que fecham o
poço.... e para sua surpresa, nota que Uri emana magia. Sutilmente indica esses
pontos aos companheiros.
Jorah se concentra profundamente
e sente um formigamento em seus braços... olha ao redor. De debaixo das
beiradas da pesada tampa de metal do poço, o clérigo nota estranhas emanações negras,
tais como uma fumaça viva, subirem ao ar. Olha mais ao redor e surpreso vê a
mesma emanação negra subir dos ombros e da cabeça de Uri... preocupado continua
olhando em volta e também nota que algo maligno espreita pelo corredor de onde
vieram. Sem pestanejar, Jorah girando o martelo recém-descoberto, lança um
ataque a Uri, ao mesmo tempo que grita “Não abram o poço!! Atenção ao corredor,
algo maligno está a espreita!”
Ao perceber o ataque de Jorah, o
estranho Uri se move rapidamente e evita o golpe do martelo. O habitante da
caverna, olha profundamente para os aventureiros e numa voz que aos poucos vai
ficando mais grave, diz:
- “Idiotas, a prole de Ignitia
deve seguir os passos de sua criadora, deve ser liberta. Lamentem por sua
ousadia.” E aos proferir tais palavras, os viajantes notam que das mangas da
camisa de Uri, estranhas formas tentaculares começam a se projetar, assim como
de dentro da gola do estranho, emerge um largo tentáculo com um olho.
Jorah rapidamente troca sua arma,
pegando o mangual com o qual já estava mais habituado. Fardulf, que já vinha
desconfiando do estranho abandonado, tinha as mãos nos cabos de suas
machadinhas e usando a beirada do poço para se impulsionar, salta sobre o
inimigo... o hobbit erra o primeiro golpe, mas a segunda machadinha acerta em
cheio o crânio da incomum criatura na qual Uri vinha se transformando. O rosto
de Uri começava a se reconfigurar, quase como se derretesse, e seu corpo começava
a assumir a forma de um estranho cone de carne. De vários pontos de seu tronco,
novos tentáculos começavam a se projetar, e olhos e bocas emergiam da bizarra
criatura. Com o segundo golpe certeiro de Fadulf, as bocas em uníssono se abrem
e emitem um guincho desesperado.
Os dedos das mãos da criatura
começam a se unir, novos olhos e bocas surgem. Urhan aponta o anel com a
criatura aquática que havia recuperado do distinto velho no subterrâneo da
Fortaleza de Molan, e ao mesmo tempo que um dos chifres do anel se apaga, uma
esfera de eletricidade voa da mão do astrólogo em direção ao inimigo. Urhan
grita “A prole de Ignitia não prevalecerá aqui”. A esfera atinge em cheio o
peito de Uri, que é jogado para trás, caindo de costas no chão... os gritos vão
perdendo força, até que o corpo, agora um misto de homem e
monstruosidade, jaz inerte.
Nesse instante, a tampa do poço
começa a sacudir violentamente e guinchos enfurecidos vem de suas profundezas.
Enquanto Urhan e Elton se
aproximam do corpo de Uri, Andras e Jorah seguem para o corredor. Fardulf e
Jeremias permanecem no meio da sala, meio que assombrados com a horrenda
criatura que haviam enfrentado.
Ao chegar na entrada do corredor,
Andras volta a sentir o forte cheiro ácido que já havia sentido emanar de um
dos vasos na câmara do altar. Ao iluminarem o corredor, a dupla se depara com
uma monstruosa criatura, um cone grande de carne com a altura de um ser humano,
de onde se projetam tentáculos e sobre o corpo se espalham bocas e olhos deformados.
“Libertem a prole de Ignitia!”
Andras desfere um rápido golpe
com sua espada e a tocha que carregava. Os golpes do ranger são precisos. Quando
o fogo toca a criatura, se espalha vorazmente e a espada faz habilmente seu
trabalho, cortando profundamente aquele monte de carne monstruosa na altura do
que seria sua cabeça. A massa de carne disforme vagarosamente cai ao chão,
morta.
Jorah se concentra no corredor,
mas não sente novas emanações malignas vindo de lá.
A respiração dos combatentes e
ofegante. Jorah pega a espada curta que restava sobre a mesa de madeira, vai
até o tampo do poço e lá entalha no metal “NUNCA ABRA, PERIGO”.
Andras recolhe as poucas moedas
de prata (10 sp) que estavam na mesa. Urhan examina o agora monstruoso corpo de
Uri, sente agora o mesmo cheiro ácido que haviam sentido. O sacerdote de
Cthulhu então lembra que que já havia lido sobre Shogoths, aberrações que
tinham a capacidade de mudar de forma, criadas por cultistas dos Deuses Antigos
para servissem aos seus mestres. Acólitos dos mais fanáticos de Cthulhu faziam
uso desses serviçais. Um mestre havia criado não só essas criaturas, como um
poço onde mais delas estavam presas. Urhan explica isso para o grupo, e diz que
certamente o responsável é o tal de Ignitia que havia sido citado pelas
criaturas.
Jorah oferece a espada curta ao
grupo, e Andras segue com o pé-de-cabra para a grade, atrás da qual há dois
esqueletos. Abre-a com facilidade, e lá dentro descobre que um possui a compleição
de um humano e o outro de um anão. Nada mais há dentro da cela.
Andras sugere que continuem a
investigar o complexo de cavernas.
O grupo retorna à sala do altar,
onde dois dos corredores, conforme já haviam notado, parecem obstruídos por desabamentos
de tochas. Andras nota que o vaso que anteriormente estava preenchido, agora
encontra-se tombado e vazio.
Urhan volta à prateleira, recolhe
e guarda a bela tiara de fino e brilhante metal com uma pequena pedra azul
clara na fronte. Recolhe os dois pequenos frascos de líquido, abre-os e tenta
sentir o cheiro de seus conteúdos. O primeiro deles exala o cheiro de algum
tipo de óleo, o outro um cheiro de álcool, talvez vinho temperado. O astrólogo
menciona os odores, Jorah pega o pequeno frasco que cheira a vinho, derrama uma
gota sobre a prateleira e nada acontece... num único gole então o nortenho vira
o conteúdo desse frasco.
Os companheiros observam curiosos
o viajante do norte... de repente, notam que os longos cabelos loiros começam a
ficar difusos. As pedras das paredes da caverna começam a ficar visíveis
através da figura de Jorah e uma sutil névoa parece emanar de seu corpo... em
instantes o clérigo desaparece, e em seu lugar, uma discreta nuvem de névoa
branca flutua no ar.
O grupo fica estarrecido diante
da transformação; olham uns para os outros sem ter ideia do que fazer. Urhan incrédulo
diz “Caramba, olha o que o cara arrumou!” O sacerdote de Cthulhu estica seu
braço, e atravessa sem dificuldade a névoa adiante.
Jaremias gaguejando, levanta o
braço direito e diz “Jorah, se você está me ouvindo, venha até a minha mão...”
A névoa vagarosamente segue em direção à mão do hobbit. “Ufa....” dizem vários.
O hobbit então levanta a mão esquerda e continua “Jorah, se você está sentindo
alguma dor, venha até essa mão.” A névoa não se move.
Urhan diz “Vamos aproveitar a
forma intangível de nosso companheiro, Jorah que tal investigar os corredores
bloqueados?” A névoa rapidamente se desloca e segue até o corredor mais ao
norte da sala. Apesar da grande quantidade de rochas, o nortenho encontra
frestas e pequenas passagens e após percorrer vários metros, finalmente vence o
bloqueio. Escuridão. Jorah nota que chegou até uma espécie de corredor de pedra
crua, e segue adiante margeando uma das paredes. Tem a impressão de que chega
até uma grande caverna, cujos limites não consegue estimar. Vários pilares
naturais, formados pela junção de estalagmites e estalagmites se espalham pela
área, imersos em profundo silêncio. O sacerdote de Gorhan se concentra para
avaliar se algum Mal existe diante dele: nada. Jorah avalia a situação e de repente
pensa que o efeito ao qual está exposto pode ser temporário... resolve então retornar
e não arriscar ficar preso e separado do grupo por toneladas de rocha.
Urhan ao avistar a forma gasosa
de Jorah retornar por entre as rochas, usando a técnica de respostas pelas mãos
que Jeremias havia usado, descobre do companheiro que o ambiente além das
rochas está vazio.
Resolvem juntos retornas à sala
principal onde a estátua de Cthulhu repousa impassível. De lá decidem tomar o
corredor à sudeste, e Jorah em forma gasosa toma a frente para explorá-lo. Descobre
que é um único corredor que contorna uma parede de rocha e como não identifica
nenhuma ameaça, os companheiros se juntam a ele. Examinam esse pequeno corredor
circular e notam que as paredes são ricamente trabalhadas na pedra e fungos
coloridos nascem no chão junto às paredes. Iluminam as paredes com as tochas e
ficam perplexos com as imagens ali representadas: o fundo do mar novamente é
representado, Cthulhu gigantesco é seguido por pequenas criaturas humanoides
com feições de peixes ou anfíbios, mas o que causa desconforto ao grupo é que o
deus antigo parece estar olhando com certa aversão a uma nova representação do
cubo cuja figura já haviam notado no painel atrás do altar. Abaixo do cubo,
mãos e garras parecem sair do solo, e a figura de uma criatura deformada de lá
emerge. Urhan diz “Blasfêmia! Cthulhu nada teme, não há nada que faça o senhor antigo
recuar!”

Preparando-se para sair, Urhan
pega um cogumelo azul, laranja e verde. Fardulf um azul e Jeremias um laranja.
Andras chega a lembrar de um pedido de Anastasia, sobre musgo que nasce nas
pedras às margens do rio da Vila, mas não recolhe nenhum cogumelo.
Jorah toma a dianteira com o intuito
de seguir até o último corredor inexplorado. Ainda em forma de névoa segue a frente
pela sala da estátua de Cthulhu... ao passar pela estátua, nota movimento no pequeno
lago na porção norte da sala e reduz seu passo. Vagarosamente uma estranha
cabeça começa a emergir da água. Grandes olhos amarelos, um rosto anfíbio, e agora
um corpo humanoide com membranas no pescoço e guelras, semelhantes àquelas
representadas nas paredes. Atrás dessa primeira, outras figuras semelhantes
começam a emergir. Jorah para observado, e estranhamento começa a sentir o peso
retornar ao corpo, e o chão se materializar sob seus pés. Às pressas retorna ao
corredor e finalmente se materializa diante dos demais... “Companheiros
preparem-se, é chegada a hora, a batalha final vai começar” e explica o eu acontecia
no salão.

Jeremias entra em pânico e Fardulf
mija nas calças. Elton, o soldado da guarda da Vila da Figueira, pergunta se
daria para passar correndo até o corredor onde está a corda que leva à
superfície.
Urhan toma a frente e resolve
tentar ganhar tempo. Além do disco de bronze que havia encontrado aos pés de
estátua, pede a Jeremias o disco de prata com a imagem do Antigo. Se adianta para
a centro da grande sala com os discos pendurados e a adaga cerimonial, profere
algumas palavras que havia aprendido na linguagem comum: “Saudações!”... as
criaturas ficam estáticas e olham curiosas para o clérigo e começam a conversar
entre si numa língua desconhecida. O astrólogo tenta rapidamente rememorar
algumas palavras dos rituais que havia lido, se concentra, eleva os braços e com
a voz retumbante numa língua estranha para os demais, profere uma saudação. As
criaturas que carregavam tridentes e redes e conversavam entre si, se calam, se
encolhem e agora observam perplexas o estranho humano diante delas.
Jeremias e Fardulf já haviam passado
correndo por trás de Urhan, e agora Andras e Jorah seguem o mesmo caminho. As
criaturas olham os aventureiros correndo e voltam olhar para Urhan, que faz um
sinal para que permanecem paradas e na linguagem comum, fala que são seus amigos...
e então, profere na linguagem antiga a mensagem que estava gravada no painel do
altar... "Em seu lar em R’lyeh, o morto Cthulhu aguarda
sonhando."
As criaturas arregalam os olhos e
se encolhem... algumas desaparecem na água. Aquele que parecia seu líder e cuja
face é marcada por uma asquerosa cicatriz, juntas as mãos sobre o peito, abaixa
a cabeça numa espécie de reverência, volta a olhar para Urhan e vagarosamente
vai retornando para as profundezas. O clérigo retribui o gesto e observa até
que todas as criaturas submerjam. Finalmente, Urhan e Elton seguem até a corda,
e deixa a caverna.
A excitação do grupo contagia os
demais, que se atropelam em perguntas. Cão late descontroladamente alegre ao
ver Andras. Após alguns minutos Fletcher, o caçador, diz “Vai começar a
anoitecer, é melhor voltarmos para a vila. Lá é um lugar seguro para todos.”