20/01/2023
Assim como havia ocorrido com Soturno, Gundabad caminha por um corredor completamente escuro. Depois de algum tempo, vê à distância um pequeno ponto luminoso para onde caminha. A luz aumenta e agora ele percebe sombras adiante. Uma canção é entoada por várias vozes.
“Vem lá mais um bravo!” alguém grita, o que é saudado por outros. A canção se intensifica e a ela se unem sons de armas se chocando contra escudos. Vários dos vultos se afastam da luz e apenas um permanece imponente ladeado por dois bem menores. Aos poucos as sombras vão ganhando forma... e Gundabad boquiaberto vê diante de si Duncandin, assim como sempre o viu retratado em imagens e livros. E mais surpreso ainda, Zumba e o outro goblin que havia caído para os esqueletos ladeiam o vigoroso deus.
“Minhas palavras alcançaram lugares que me surpreenderam. Devo isso a sua fé, meu filho. Mas é chegada a hora.”
Ao longe Gundabad pensa ouvir um uivo triste, assim como as vozes angustiadas de Erisdrale e Soturno. Não consegue entender as palavras, mas entende que deve seguir adiante.
Na masmorra Amarela uiva, Eri e Soturno tentam fazer com que Gundabad volte a respirar e estancar seus ferimentos, sem sucesso. Os goblins observam atônitos enquanto Gondorim descrente vê seu filho partir..... “Duncandin, atende a meu pedido. A Gundabad concedo minha dádiva. Permita que teu dedicado servo retorne para os seus”, ouvem uma voz feminina clamar às costas de todos.
De súbito, a divindade franze o cenho e diz “Uma súplica foi feita em teu nome, e a esta voz não posso calar-me... a ti permito regressar, desta vez.”
Estarrecidos os aventureiros vêm uma anã de cabelos castanhos claros e finos trajes cerimoniais, envolta numa sutil aura onde instantes antes Amarela estava. Sob seu peito, aperta o pequeno martelo símbolo de Duncandin, e mais uma vez clama pelo deus.
Gundabad tosse, seus lábios e pele estão extremamente pálidos e com dificuldade olha seus companheiros... e dirige o olhar à estranha anã.
“Chamo-me Avena. Agora a vocês pertence a minha missão, é vossa obrigação cumpri-la. As Montanhas do Grifo, onde há muito nosso povo abandonou os Grandes Salões. Lá, mais de uma geração permanece escravizada, mas fiéis suplicam dia e noite pela liberdade, pela graça de Duncandin. Libertem-nos. Sejam o braço de Duncandin. Cumpram vosso desígnio”.
A aura em torno da anã se intensifica, e então ela se vai. Uma lágrima escorre no rosto de Gundabad. Todos permanecem em silêncio.
Três dias completos se passam na masmorra. Os restos dos mortos-vivos são depositados em uma das celas, cuja porta é fechada e a mesa atravessada na entrada. Vagarosamente os aventureiros vão se curando. Godorim investe tempo em examinar a cetro que havia retirado do sarcófago de Nergal, que descobre se chamar “Pilar das Sombras” e possui propriedades para criar Luz e Escuridão. Soturno também nota que o anel que havia retirado da mão do sábio possui propriedades especiais.
No início do quarto dia abrem a porta ao sul da masmorra.
Soturno abrindo a fila, seguido de Eri, começa a examinar o ambiente. Uma grande mesa de madeira sobrea qual pequenos instrumentos, pinças, tesouras e facas, alguns repositórios de vidro vazios. Uma jaula vazia num dos cantos. Nas paredes algumas gaiolas.
Soturno recolhe e entrega os instrumentos para Gundabad. Eri nota nas gaiolas pequenos esqueletos: uma criatura com asas mas com o crânio e formato estranho e sem bico, um réptil com duas cabeças, um pequeno humanoide.
“Nergal. Esse lugar não me traz boas vibrações.”
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