quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

OLD DRAGON Sessão C3 O resgate

 20/12/2022

A noite aos poucos vai caindo na floresta, e o luar faz com que as Montanhas do Grifo lancem uma fria sombra sobre a torre de descanso que existe em seu sopé.

Nythur ione encontra-se irritado. O caminho de Stagenhoe até essa região de fazendas foi cansativo e o líder do destacamento, Gavares é tanto rude quanto violento. "Danem-se  todos. Dane-se Gavares e dane-se aquele feiticeiro estrangeiro, Themian, que o acompanha", pensou.

A segunda garrafa de aguardente foi passada de mão em mão entre aqueles que faziam a guarda junto à fogueira do lado de fora da torre. "Maldito Jyvas, me tirou as poucas moedas de ouro que tinha num jogo de dados, e agora cobra por mais alguns goles da cerveja velha que guardou em um cantil de couro que não deve ter sido limpo a semanas. Que saudade de uma cerveja fresca e uma cortesã barata lá em Stagenhoe" remoeu Nythurione.

Para piorar, ainda teriam que atravessar as montanhas e seguir para a Vila Verde: porque Gavares não dava cabo logo da pirralha ali mesmo. Covarde. Pelo menos tinha um prostíbulo barato na Vila Velha, "como era o nome mesmo daquela velha com uns três dentes que me aqueceu da última vez?".

Os pensamentos de Nythurione começam a se confundir sob o efeito da aguardente forte de Turana, e os outros soldados o irritam ainda mais, bêbados também, ao lembrarem do quão ruim o soldado é jogando dados.

Com dificuldades Nythurione cambaleia até as árvores próximas para aliviar a bexiga. "Porcaria de floresta".

Quase dormindo com as calças abertas junto à árvore, Nythurione se assusta quando ouve um barulho e ao abrir os olhos, nota na penumbra um outro soldado urinando na mesma árvore. "Tava apertado também, não aguentei tanta bebida" comenta outro.

O soldado ouve as palavras, mesmo não fazendo muito sentido naquela altura. Confuso, Nythurione dá às costas para o outro bêbado enquanto amarra as calças. O primeiro passo é meio em falso, mas o segundo tenta estabilizá-lo, sente então uma ardência nas costas que agora parecem encharcadas de suor. A ardência irradia para o peito e Nythurione não consegue respirar.

Com alívio Rajnesh vê o soldado cair para a frente com uma flecha de Chopin cravada nas costas. Rapidamente Rajnesh puxa o corpo ainda mais para dentro da floresta e revista o corpo.

Umas poucas moedas de prata e cobre num dos bolsos, e uma insígnia fixada na roupa com a cabeça de um cervo, denotando-o como soldado de Stagenhoe. Rajnesh nota que sua altura e bigode são compatíveis com o homem abatido, e rapidamente fixa a insígnia e murmura "vamos de prisioneiro!"

Barin vira rapidamente o frasco da Poção de Invisibilidade que Alethéa trazia e segue logo atrás de Rajnesh que leva a sua frente um Chopin supostamente amarrado.

Um tanto bêbados os três soldados que permaneceram em volta da fogueira se assustam ao verem um halfling amarrado seguir em sua direção. "Achei um ladrão espiando a gente", complementa Rajnesh, mas assim que estão a um passo do primeiro soldado, Barin desfere um golpe certeiro de machado, ficando visível, que parte a clavícula e para quase no peito do soldado, que cai morto de lado.

Chopin trazia uma adaga às costas que lança certeiramente na garganta de um outro soldado, que permanece de pé segurando com as mãos o pescoço estraçalhado.

Rajnesh tenta um ataque de espada no último dos soldados, mas erra. 

Do alto da torre, da ameia, um arqueiro dá o alarme.

Com a adaga ainda presa na garganta do inimigo, Chopin tenta um golpe com sua espada curta, mas tenso com os gritos que vem do alto da torre, se atrapalha e acaba danificando o fio da arma ao acerta uma pedra próxima.

Rajnesh larga a espada e tenta usar sua besta contra o soldado no topo da torre, acertando-o de raspão. Barin acerta as costelas do pobre coitando com a garganta ensanguentada, que cai morto.

Sem sucesso e gritando, os soldados revidam sem sucesso os ataques. Da floresta, Melo o clérigo, surge girando sua funda e lança uma pedra que se choca contra a torre, e Alethéa preocupada com os gritos, dispara uma Míssil Mágico contra o arqueiro, que se cala.  

Ao tempo que os companheiros eliminam o último dos soldados da fogueira, notam que dois outros aparecem na porta da torre, e rapidamente recuam aos gritos fechando a porta diante deles. Rajnesh se aproxima da porta e tenta ludibriar esses últimos, sem sucesso.

Todos se aproximam da porta e temem algum ataque do alto. Barin notando que a corrente que deveria trancar a porta está solta, corre e com o pé em riste quase a derruba. Um único soldado, que agora geme de costas no chão, tentava segurar a porta enquanto o outro procurava pelo cadeado. Desistindo do cadeado saca um espada, mas rapidamente é atingido por uma seta de Rajnesh e cai abatido.

O soldado no chão pede por clemência. Rajnesh da porta rearma a besta e Barin cuidadosamente segue até uma escada de pedra no fundo do cômodo, onde nota um homem careca em robes descer por ela.

"Gavares, mataram todos, faz alguma coisa!", grita o estranho homem na escada que possui uma tatuagem azul no rosto. Em seguida, começa a recitar estranhas palavras.

Rajnesh erra a seta. Do fundo da sala uma voz feminina se eleva, e todos notam que Alethéa recita rapidamente os versos de um encantamento. A companheira é astuta, e num segundo o adversário em robes cai desacordado na escada.

Barin salta os degraus e sem pensar, rasga a garganta do inimigo e pula de volta para se proteger.

Do andar superior uma voz grave e profunda grita "Me rendo!"

"Desça devagar" gritam os aventureiros.

Uma espada é jogada escada abaixo.

Aos poucos, uma homem grande e corpulento vem descendo de mãos levantadas os degraus. Vastas e desgrenhadas cabeleira e barba, um olhar amedrontador.

Ajoelham os dois prisioneiros no chão. Perguntam pela moça feita prisioneira, para o que não há resposta. 

Rajnesh sobre a escada e cuidadosamente examina o andar, onde encontra dois dormitórios, algumas moedas e pergaminhos. Ainda mais acima, o topo da torre onde o arqueirno jaz.  

Chopin nota que atrás de uma divisória em pedra no térreo, existe uma pequena escada que leva ao subsolo. Não ouve barulhos vindos de lá. 

Retornam novamente ao soldados e visto que não cooperam, num ato de violenta intimidação a Gavares, executam o soldado.

"Sou mais útil a vocês vivo do que morto. Façamos um acordo" diz Gavares. Os aventureiros ficam na dúvida por alguns instantes. Na cabeça de todos não haveria como deixar algum dos soldados vivos pois suas próprias vidas e identidades estariam ameaçadas, assim como as dos fazendeiros das Terras dos Taylor.

"Se me pouparem, digo onde está a rapariga e ainda onde encontrarão uma boa quantia de peças de ouro."

Indecisos e preocupados com o subsolo, resolvem amarrar a lanterna de Chopin no homem rude, e manter uma longa corda a ele atada. Mandam que siga pelas escadas ao subsolo.

Pela primeira vez olha preocupado para os aventureiros, e vacilante segue para a escada.

"Sou eu, Gavares. Não atirem."

Assim que Gavares coloca o primeiro pé nos degraus, todos sentem um leve tremor tomar conta da torre. Olham assustados uns para os outros, inclusive Gavares.

O tremor vai ganhando força, e em questão de segundos, chacoalha ruidosamente a torre. Blocos de pedra se soltam da estrutura e é difícil se manter de pé. Com um estrondo, parte do chão cede e desmorona no subsolo.

Gritos desesperados vêm lá debaixo, a escada se quebra e Barin com dificuldade segura a corda mantendo Gavares pendurado no ar.

Notando que dois soldados correm pelas ruínas que agora se tornaram o subsolo, Chopin pula lá para baixo na direção de um amontoado de lonas. Investigando-as, suspira ao encontrar uma jovem sardenta amordaçada e amarrada.

"Achei!!!" grita ao halfling ao mesmo tempo que nota que os soldados restantes se esgueiraram por uma fissura que havia se formado na parede de pedra.

Barin libera a corda e Gavares cai com um baque no chão. Chopin avisa aos demais sobre a fissura na parede.

Barin temeroso de um revide dos soldados, pula para o subterrâneo e determinado, executa friamente Gavares.

Aos poucos os tremores vão cessando e agora o choro e os soluços de Nádia ocupam o lugar.

Barin examina a fissura, e confirma que foi naturalmente causada pelo terremoto.

Ansiosos por deixar o lugar, sobem através de cordas de volta ao nível superior.

Rapidamente arrumam as carroças com mantimentos e os cavalos, e acomodam a chorosa adolescente o melhor que podem.

Notam então que Barin olha incrédulo para a encosta da face sul das Montanhas do Grifo. As imponentes montanhas que um dia abrigaram um clã orgulhoso em suas Grandes Salas, agora apresentavam uma grande desmoronamento tal como uma cicatriz marrom que corria até o solo desde um de seus cumes. Para Barin, aquilo era quase um sacrilégio.

Todos se apressam em pegar a estrada rumo ao sul, e retornas para a Terra dos Taylor. Pouco tempo na estrada, barulhos de rochas rolando pela face da montanha capta a atenção dos aventureiros. 

É Rajnesh que percebe que parecem ceder de um ponto específico da encosta. Até que tal qual um explosão, várias pedras são arremessadas ao longe daquele ponto.

Todos parecem congelar... sob o luar, uma grande criatura se esgueira pela nova fissura na encosta da montanha. Aos poucos parece se empoleirar, até que preguiçosamente abre imensas asas como se espreguiçasse... e finalmente acordado, ruge ameaçadoramente.

Os aventureiros em pânico atiçam os cavalos desesperados à frete, enquanto aos poucos o dragão vai ganhando altitude, rasgando os céus para o norte de Calenglad.  

      

   

 

    


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