E segue o relato de uma sessão que foi absoluta insana!!!!
Por Felipe Samedi (@felipesamedi)
Mortes horrendas aconteceram em volta desta pedra, foi somente pagando um alto preço que nós conseguimos recupera-la.
Arte: Carlos Castilho (@crawlstilho)
A rocha era pouco maior que eu, porém menor que um humano médio, enquanto a examinava, buscando nos conhecimentos do meu povo a melhor forma de divida-la em cinco partes, o restante da equipe contava os eventos ocorridos antes da minha chegada.
Segundo me disseram, o grupo incialmente era constituído por: Jahid, viajante experiente e, considerando a falta de alguns dedos em sua mão, um provável ladrão. Kamaria, uma negra elfa que ostentava tatuagens em devoção a Zenitar, a única entre eles que estava montada, sua yeldra atendia por Orias. Maaz Barba de Bode, guerreiro mercenário e segurança de caravanas. O misterioso Shakira Mallik, ladino e devoto de Nagual e finalmente Zubamba, curiosa e corajosa Pequenina.
Eles haviam deixado os irregulares montes arenosos do norte e avançavam para as uniformes dunas que se estendiam ao sul.
Fazendo da areia negra seu esconderijo, eles observam um yeldra noturno correndo enlouquecido em plena xadrah. O quadrúpede possuía chifres, correntes e arreios, cabeças humanoides penduradas em seu dorso, talvez fosse uma montaria Mortik. Fugia de uma nuvem negra, uma espécie de sombra demoníaca saída de algum pesadelo.
Estranhamente as dunas naquele local se afastavam em ondas de um ponto em formato circular. Uma formação concêntrica semelhante o movimento da agua em um oásis ao se jogar uma pedra, só que em escala bem maior. O animal em fuga seguiu para o centro da região e ao pisar naquele solo traiçoeiro, encontrou seu fim.
Ao longe era difícil divisar detalhes, mas algo emergiu da areia, derrubou o yeldra e começou a devora-lo. Era possível ouvir, além do relinchar de dor, um estranho som, como dezenas de pinças rasgando couro e dentes mastigando carne. O corpo do animal foi sendo obscurecido por uma massa negra, da mesma forma que um cubo de açúcar é coberto ao ser jogado em um formigueiro. Até que no fim, se fez silencio, seja o que for que devorou a montaria, se enterrou novamente na areia, deixando para trás apenas as correntes e arreios de sua presa.
O demônio das sombras sobrevoou como uma nuvem escura o local e ao ter sua presa tomada, foi embora. O grupo observou tudo aquilo em silencio, perceberam o perigo iminente e já iam embora, quando Jahid avistou um conhecido brilho, a luz do sol refletiu em algo precioso naquele espaço central, ao investigar ele notou que a areia remexida pela onda devoradora revelou o que parecia ser um imenso rubi, belo e vermelho, semi enterrado no solo de Lumn.
Os aventureiros empolgados começam a elaborar um plano, tinham medo do que se escondia abaixo da areia, mas queriam retirar a preciosidade daquele lugar. Enquanto Zubamba, a mais leve, se preparava para ir pé ante pé amarrar a pedra para depois puxarem a distancia. Jahid, Maaz e Shakira tinham se afastado para observar o terreno e agora estavam voltando. Neste momento, Kamaria percebeu pessoas próximas se escondendo atrás dos montes de areia. Ela avisou o grupo e tentou disparar com sua montaria, mas não ouve tempo, a yeldra Orias foi atingida no pescoço por uma seta e caiu, arremessando a elfa pouco a frente.
Eles estavam sendo atacados a distancia por homens vestidos de negro. Kamaria no chão sentiu a vibração no solo, ela pensou em se esconder atrás do corpo da montaria agonizante, mas com medo de ser tragada pelos seres da areia, resolveu correr dali, sem saber que estava investindo em direção a sua morte. Uma seta acertou o ouvido da elfa, perfurando seu cérebro, o espírito de Kamaria já estava diante de sua deusa Zenitar antes mesmo de seu corpo chegar ao chão.
Jahid estava no limite entre a sobrevivência e a ganância, ou corria buscando abrigo ou aproveitava a situação para tentar pegar o rubi. Ele decide correr em direção a joia, mas ao se aproximar percebe um tremor, o remexer de areia de algo se aproximando por baixo. Lembrando da morte do yeldra, estremece, muda sua direção tentando uma fuga pela direita, quando uma seta o atinge na coluna, imóvel ele cai…
Os assaltantes se vestiam como Mortik, mas não ostentavam o símbolo daquele povo, talvez fossem renegados, provavelmente eram os donos da montaria morta pouco antes pelos seres da areia. Eles se aproximavam exigindo que Maaz, Shakira e Zubamba se rendessem…
Enquanto isto Jahid, ainda vivo, teve uma visão privilegiada daquilo que se escondia por baixo da areia, pois do chão em volta dele emergiram dezenas de criaturas com carapaça, grandes pinças e corpo semelhante a uma cabeça humanoide, com uma estranha protuberância em forma de serpente saída do alto do “crânio”. Estes caranguejos-cabeça, como eram conhecidos, não eram muito grandes, porém agiam em grupo, uma onda rápida e faminta. Com a seta em sua coluna, sem poder se mexer, o ladrão observou dezenas de pinças rasgando sua carne, colhendo seus órgãos e levando-os até as bocas vorazes daquelas abominações que não deveriam existir. Logo seus olhos foram pinçados, tudo que ele poderia fazer, enquanto aguardava sua alma partir para o além-aalmaadin, era gritar.
Os assaltantes ouviram os gritos, todos pararam o confronto, chocados com a visão do corpo do homem sendo coberto pelos caranguejos. O som das pinças e da mastigação aterrorizava até mesmo o coração daqueles que cultuavam a morte.
Foi mais ou menos neste momento que Amira e eu chegamos, a tempo de ver os assaltantes fugindo com medo dos caranguejos-cabeça. Shakira, com ódio no olhar e um forte desejo de vingança, correu atrás deles e com ataques rápidos e cortantes como o vento, assassinou um por um.
Fiquei com receio ao me aproximar deles, mas provavelmente por terem acabado de sair de um confronto, onde perderam dois companheiros, aquelas pessoas trataram, Amira e eu, muito bem. Como sinal de boa fé, dividiram os pertences dos mortos conosco.
Enquanto os espólios eram repartidos, Zubamba se afastou do grupo, viu corpos expostos ao sol próximos a pequenos obeliscos de obsidiana, curiosa ela foi até lá, encontrou um cantil cheio, mas quase foi atingida pela picada mortal de uma serpente negra. Com velocidade e coragem ela sobrepujou o animal, matando-o. Depois chamou o grupo, clamando para que esquecessem a amaldiçoada joia de sangue.
Algum tempo depois, quando todos estavam alimentados e saciados e as mortes já haviam sido lamentadas, resolvi ajuda-los a resgatar o rubi. Era incrível como aquela pedra preciosa mexia com a cobiça de todos, meu sangue fervia de desejo.
O plano era simples, Maaz, Amira e eu iríamos arremessar partes de Orias, a falecida montaria de Kamaria, em pontos diversos do território dos caranguejos-cabeça. Shakira, corajoso devoto de Nagual, aproveitaria a distração, correria até o objeto, o amarraria com a corda e depois, a distancia, todos nós o puxaríamos.
Acredito que devemos
abraçar a tempestade, ao invés de resistir a ela.
(Shakira Mallik devoto de Nagual)
Não aconteceu como o planejado, sangue era o preço a ser pago, a pedra não se deixaria ser tomada sem outro sacrifício.
Mesmo com a maioria dos Caranguejos-cabeça sendo atraídos para longe, alguns perceberam Shakira andando em seu território. Ele notou as “serpentes” saindo da areia, que nada mais eram que o comprido órgão ligado ao crânio das criaturas, servindo pra orienta-las, em seguida a onda mortal rumou em sua direção. O ladino arremessou carne no chão como chamariz e fugiu correndo, mas o vento, outrora presente, de repente cessou e naquele momento Shakira percebeu, era o fim.
Pinças rasgaram seu tendão, ele caiu, sentiu os artrópodes subindo em suas costas, dezenas de patas perfurando seu corpo, logo os dentes começariam a trabalhar. Uma brisa soprou levando sua alma ao coração de Nagual, sua mente foi poupada dos horrores que aconteciam com seu corpo.
Maaz não perdeu tempo, pegou a corda e cumpriu o serviço de
Shakira, enquanto as criaturas se distraiam devorando o corpo de seu
companheiro.
A pedra de sangue foi amarrada, sem cerimônias, anos sem ser tocada, agora
finalmente seria removida, possuída, dividida e lapidada.
Nós os sobreviventes a puxamos, até mesmo um aventureiro recém chegado ajudou, por puro instinto, tomado pelo desejo de obter a joia.
E agora estamos aqui, um rastro atrás de nós feito pelo arrastar da pedra. Ela parece um rubi, mas na verdade não é tão densa, com conhecimento, esforço e ajuda dos meus companheiros, consegui dividi-la em cinco pedaços de peso semelhante. Cada um deles poderá ser novamente dividido e lapidado e quem sabe adornar a coroa de um rei.
De qualquer maneira, não pretendo carregar o peso da pedra por muito tempo, é valiosa, mas acredito que seja amaldiçoada, vou vende-la assim que tiver oportunidade, por pelo menos duas mil e quinhentas moedas.
Enquanto isto, pretendo seguir com meus companheiros em direção a estranha construção além dos obeliscos que Zabumba encontrou.
Marjane Ayad, anã e possivelmente Agmista.
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Mas e sistema? Cadê? https://ose-srd.netlify.app/
Este dia foi louco hehe Kamaria se foi, vamos ver se a Marjane dura mais tempo huhu
ResponderExcluirCara, foi sensacional a sessão! Jahid partiu, mas deixou a Amira rica!
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