15/07/2022
Os anões examinaram com cuidado os tesouros encontrados dentro do pequeno baú e do caixote que o amedrontado goblin havia arrastado até a caverna do combate: duas pepitas (que Otto reclamou como sendo dos cofres de Irônia), algumas peças de ouro, prata e bronze, um pequeno cordão de prata com uma estrela estilizada, uma azurita e a estranha estrela de prata que deveria possuir seis pontas, mas duas delas faltavam, claramente quebradas. Um pequeno canivete com cabo de madeira sobre o qual um fino desenho de uma árvore e uma lua crescente foi passado de Soturno para Gundabad. Aos olhos do sacerdote de Duncandin e do velho Gondorim o delicado estilo élfico se fazia presente naqueles padrões.
Apesar de já sentirem o cansaço do longo dia, o grupo estava determinado a gastar o restante de suas energias investigando a caverna das aranhas, antes que os dois frascos de óleo que Erisdrale havia lançado na entrada.
Ao chegarem no local, a anã se prontificou a gerar uma chama enquanto na entrada da sala Soturno e Thorn permaneciam de prontidão. Rapidamente as chamas se espalharam pelas teias que cobriam grande parte da entrada e em instantes se propagaram para teias mais adiante. No meio da fina fumaça. As sentinelas identificam duas aranhas do tamanho de gambás correrem pelas paredes em direção aos corredores. Soturno erra um ataque de martelo no incomum aracnídeo, enquanto Thorn é certeiro em sua flecha, abatendo a criatura.
A aranha próxima a Soturno se projeta da parede caindo ao lado do anão, e tão logo Gundabad percebe sua proximidade o sacerdote desfere um ataque certeiro que o esmaga.
Sem perceber a aproximação de outras criaturas, o grupo aguarda a fumaça se dissipar um pouco.
Ersidrale acha que já esperou o suficiente, se adianta cuidadosamente sala adentro. Gundabad Thorn cautelosamente seguem à distância. A fumaça ainda circulava pela sala e a anã aos poucos vai sentindo-a preencher seus pulmões, a garganta arde e os olhos lacrimejam. Seus companheiros alguns metros atrás, notam claramente que Eri está falhando em se manter incógnita, e instantes depois, ouvem a anã tossir ruidosamente.
O ar começa a faltar. Os pulmões doem quando Erisdrale faz força para respirar. A tosse é incontrolável e a anã tem certeza que sua tentativa de seguir furtivamente havia falhado. Ser conseguir conter a tosse, se prepara para abandonar a tentativa e assim que se prepara para voltar, pelo canto do olho no fundo da sala, nota a sombra de algo volumoso bem como uma sombra menor e comprida, que parece deitada sobre o solo.
Gundabad e Thorn acompanham a saída da anã, que tosse incontrolavelmente. Preocupado com a situação, Gundabad acompanha Eri até a sala onde Otto e os rapazes aguardavam.
Gondorim, Soturno e Thron começam a traçar um plano para invadir a sala. Gondorim sugere buscar o goblin que havia sido rolado escada abaixo para servir como batedor, Thorn vai preparando uma nova flecha em seu arco.... de repente, algo grande e volumoso, negro como a noite pula do meio da fumaça em direção as costas de Soturno. Uma aranha gigante, algo que vários dos anões já haviam ouvido como lendas exageradas dos anciões de Irônia, se projeta da escuridão da sala e com suas presas rasga as costas robusto anão, que urra numa clara demonstração de lancinante dor.
Gundabad ouve o grito da sala dos mantimentos e corre desesperadamente em direção aos companheiros.
Soturno se vira confuso, enquanto sente a dor e sangue se espalharem de sua escápula até a base da coluna.
Gondorim tenta uma flecha... erra e se afasta. Thorn mira e... erra, dá dois passos atrás. Soturno começa a sentir a visão turva, desfere um golpe de martelo que esmaga a testa da enorme besta bem como um dos grandes olhos... em dor, a criatura começa e retornar para o fundo da caverna.
No instante que Gundabad chega na boca da caverna, vê Soturno apoiado com ambos os braços numa das paredes, enquanto a bestialidade lentamente bate em retirada, deixando o rastro de gosma negra que escorre da fronte partida. Gondorim e Thorn xingam na rústica língua dos anões quando erram a meia distância os próximos disparos na direção de criatura.
Gundabad tenta manter Soturno em pé, quando finalmente suas pernas falham. O robusto anão olha por alguns instantes observa enquanto Thorn falha mais uma vez em atingir com uma flecha a aranha, e como em câmara lenta vê uma seta sair do arco de Gondorim...e então, escuridão.
O velho anão pragueja para a aranha enquanto a flecha viaja entre a fumaça que aos poucos vai se esvanecendo... a besta fica imóvel e em instantes sofre fortes espasmos, enquanto o improvável anão arcano se regozija com a flechada perfeita que atravessou o crânio da criatura.
Soturno é rapidamente levado a sala dos mantimentos. Gundabad pede água quente, uma lâmina e sabão. Os companheiros providenciam e o clérigo se empenha em limpar o melhor possível o ferimento de Soturno, e tenta cauteriza-lo com a lâmina do canivete que havia recebido no mesmo dia. O ferimento tem um aspecto ruim, e cheira muito mal.
A noite passa, e os anões tem dificuldade de descansar. Eri respira com dificuldade e Soturno tem febre. Gundabad teme pelo companheiro e por fim, pede ajuda de seu patrono: com o símbolo de Duncandin junto a testa realiza uma prece silenciosa. Pede que o deus da cura interceda por seu companheiro e parente. Quando o clérigo abre os olhos percebe que os demais anões observam atentos a cicatriz de Soturno se fechar, transformando-se numa cicatriz rosada.
Thorn tenta fazer a vigília durante toda a noite, mas é vencido pelo cansaço.
É manhã fora da caverna. Gundabad havia orientado Iga e os goblins auxiliar Thorn na vigília. O agora chefe dos goblins cutuca Thorn que dormia em pé escorado numa das paredes da caverna. O arqueiro resmunga e reclama sem entender que o goblin o chamava para a alvorada, e Iga não entende os resmungos do anão.
Eri respira melhor: durante a noite Gondorim havia acendido um incenso que parece trazer algum tipo de alívio para os pulmões da anã. Gundabad examina Soturno: pálido e frio. A tensão sobre o futuro de Soturno paira pelo acampamento.
Agora os pensamentos fluem melhor, as ideias se organizam e Eri consegue se concentrar. Nos últimos meses em Irônia a anã havia passado bastante tempo com seus amigos, um grupo que no geral não era muito bem visto por muitos. Afeitos a trapaças e pequenos golpes, algum dos espertões disse que era interessante começar a conhecer as propriedades de certas substâncias, que poderiam confundir os sentidos, botar um indivíduo para dormir, ou em alguns casos, matar. Muitas dessas substâncias eram retiradas dos fluídos de insetos ou outras criaturas perigosas. Ao mesmo tempo que o interesse dominou os delinquentes, a cautela também os tocou. Em troca de venenos de serpentes e fluídos de insetos que existiam em determinados corredores das minas, um certo herbalista de Irônia chamado Harrisan, revelou o princípio básico dos antídotos: “uma base da infusão de calêndulas e boldo com um pouco de álcool para estabilizá-la sempre é um bom começo. Uma ou duas gotas da toxina original vão potencializar a base, e podem trazer resultados promissores”. Eri decidida pede que achem calêndula e boldo. Aguardente já tem a disposição no pequeno barril. Otto diz que sempre carrega um pouco de boldo consigo, e fornece um pequeno saco de pano com a erva esfarelada. Resmunga quando Gondorim o chama de “anão velho e cachaceiro”.
Ao mesmo tempo que Eri segue em direção da caverna da aranha para tentar recolher um pouco de sua peçonha, Gundabad e Thorn seguem para o pântano com algumas orientações de Otto quanto a calêndulas. A dupla procura alguns trechos mais secos no pântano onde árvores existam. Na primeiro local encontrado, na base de uma das árvores, encontram as pequenas flores semelhantes a margaridas que Otto havia descrito. Em disparada voltam à gruta sem percalços.
Eri segue até a aranha. Apesar do cheiro forte, a fumaça praticamente se dissipara. Segue cautelosamente até o fundo da caverna, passando por algumas aranhas carbonizadas no caminho. Adiante encontra o volumoso corpo da aranha gigante, e rapidamente, consegue extrair meio frasco de óleo do veneno que permanecia em suas presas. Nota que por trás da criatura, existe um volume inerte no chão. Coberto até os joelhos por teias, o cadáver de uma elfa jaz morto. Vestida de uma túnica produzida num tecido incrivelmente leve, a elfa possui longos cabelos loiros, mas a pele parece envelhecida e seca. Eri pega o corpo por debaixo das axilas e o carrega através dos corredores.
No mesmo instante que Eri chega até entrada da sala dos mantimentos, Thorn e Gundabad regressam do pântano. Rapidamente Gondorim se junta aos demais e examinam a elfa. Uma túnica azula clara produzida numa espécie de seda que parece não ter sofrido qualquer efeito do tempo onde um bordado de uma estrela estilizada semelhante ao cordão que encontraram no baú dos goblins veste o corpo, que ostenta longos e sedosos cabelos loiros sobre uma pele estranhamente ressecada e enrijecida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário