quarta-feira, 7 de julho de 2021

DCC RPG Cenário Homebrew: A Vila de Turana

 


Apesar de jogar há anos D&D em Forgotten Realms, sempre curti bolar cenários. Então, com a galera que tava juntando para jogar DCC, pude botar em prática minha curtição de criar uma região, quem sabe isso vira uma continente qualquer dia.

O que eu tenho botado em prática: para os nomes, tanto de localidades quanto de NPCs, usar referências próximas aos jogadores de forma que facilite a memorização. Nessa região usei algumas referências: o nome da vila de Turana é diretamente relacionado com o morro do Turano na região da Tijuca no Rio de Janeiro, área onde muitos de nossa galera nasceu, cresceu ou mora atualmente; existe uma cidadela próxima, predominantemente de anões com principal atividade a mineração, que se chama Ironia, diretamente relacionado com o Iron Maiden, e o governante se chama Bruce Battlecry (adivinha, adivinha). 

Bom, então sobre Turana, segue o texto que li para os jogadores, para ambientá-los sobre o local onde a grande maioria vive e fazer a introdução da aventura que a gente tá jogando, "DCC #67 Marinheiros do Mar sem Estrelas".


 

"As Crônicas de Turana

A vida era tranquila em Turana. Os ventos do extremo norte refrescavam, no inverno até um pouco demais, as pequenas casas de pedra que se espalhavam desordenadamente pelo vilarejo e faziam com que os aldeões, em sua grande maioria velhos pastores e fazendeiros, se encolhessem com seus compridos cachimbos na pequena praça que duas vezes por ano recebia a feira dos produtores, ou fugissem na busca de uma lareira quente para a pequena e bagunçada Taberna do Sam, e passassem horas e horas bebericando a aguardente amarela que queimava agradavelmente suas gargantas.

 Durante todo o ano a vila era cercada por verdejantes pastos que se espalhavam por grande parte das montanhas que eram facilmente avistadas ao norte, a menos de 2 horas de caminhada, o que acabou por contribuir para o que se tornou a principal atividade econômica da comunidade: numerosos rebanhos de ovelhas e cabras cujos balidos eram ouvidos em qualquer local onde você estivesse, ou em cujos rastros de bosta alguém iria invariavelmente pisar caso não prestasse atenção em seus passos.

Na região ainda existiam duas outras vilas: Vila da Figueira a oeste, próxima a um importante rio e canal de comércio dos pequenos vilarejos, e Ironia, fincada à noroeste na continuação das montanhas próximas a Turana, a aproximadamente três dias de viajem, supria através de suas minas a região com minério e vez por outra presenteava algum dos seus mineiros com um punhado de prata.

Turana era, na falta de melhor palavra, gerida por três sábios que chamávamos do Conselho dos Anciãos. Evo, organizava o comércio da vila, as feiras dos produtores, as disputas e reclamações dos moradores, mas também já era um velho teimoso e normalmente mal-humorado. Léia, uma sacerdotisa de Ildavir, A Deusa da Natureza, conduzia o único santuário existente na vila, e trazia aos aldeões os auspícios e palavras dos deuses. Fastigondas era um elfo que representava a pequena comunidade élfica que vivia nos limites da imensa floresta que se estendia a leste da vila até onde a vista alcançava, e apesar de sua aparência de meia idade, já era parte do conselho da vila por pelo menos 3 gerações.

 Era através das palavras de Léia, que adultos e crianças tomavam conhecimento das leis das entidades superiores, dos circunspectos Lordes da Ordem e dos maliciosos Lordes do Caos, e do equilíbrio que as divindades da Neutralidade buscavam para o universo.


Duas vezes por ano, no outono e no verão, era organizada a feira dos produtores, ocasiões essas em que era comum recebermos a visita de forasteiros, que ou alugavam quartos nas casas dos aldeões, ou organizavam pequenos acampamentos na cercania do vilarejo. Ali eram dispostos e comercializados a produção do vilarejo, além de geleias, compotas, aguardente e licores, ouvia-se música animada e no último dia ocorria o principal evento da cidade, o Concurso da Melhor Buchada de Bode de Turana. O prato é uma tradição da vila que remonta tempos imemoriais, extremamente apreciado por moradores e visitantes. Por anos, Sam da Taberna e o hobbit Billy, Mestre Jardineiro da vila, se revezam entre os orgulhosos portadores do título de Senhor da Buchada de Bode de Turana. Dizem as más línguas que há muito tempo esta disputa deixou de ser sadia.

Foi durante a última feira que tudo começou. Um dos grupos de comerciantes que viriam da Vila da Figueira, inexplicavelmente não compareceu ao evento.  Alguns dias após o encerramento da feira, uma dupla de caçadores da vila seguiu até as montanhas, região onde costumavam a caçar.... e nunca mais foram vistos. Pouco tempo depois, um jovem pastor conduzia seu rebanho de ovelhas por um ponto da base das montanhas, onde existe uma antiga fortaleza em ruínas, e em determinado momento, duas das ovelhas sumiram.... o jovem jurava que havia visto na penumbra da tarde que já caía, vultos grotescos arrastarem as ovelhas para dentro das ruínas da fortaleza, mas todos acreditaram que na verdade, o descuido do rapaz havia deixado as ovelhas se desgarrarem e a história era desculpa para que se safasse do castigo. No dia seguinte, o pai do jovem pastor, chamado Orio, conduziu o rebanho para o mesmo local e desapareceu sem deixar pistas.

As imediações da fortaleza, que por suas lendas já era um local evitado por muitos, se tornou um tabu entre os moradores, que agora a evitavam a qualquer preço.

Há cerca de 10 dias, os filhos do ferreiro, Keary e Alban, saíram da vila para coletar lenha, e não mais voltaram. Poucas noites depois, alguns moradores de casas mais afastadas reportaram grunhidos inumanos ouvidos à noite, nas proximidades de suas propriedades, o que deixou novamente o povoado alvoroçado. Até que, em determinada noite, várias casas foram invadidas, e diversos moradores aos gritos arrastados pela noite, para um destino desconhecido.

Após o terrível incidente, o Conselho dos Anciãos se reuniu, e convocou os morados para uma assembleia.

O elfo Fastigondas tomou a palavra, e disse: “Moradores de Turana, como é sabido de todos, eventos terríveis acometeram nossa terra. Assim como na vila, a morada na floresta dos elfos também foi conspurcada, e alguns de nosso povo também foram levados. Por mais que resistamos, tudo leva a crer que algo das lendas antigas sobre a Fortaleza em ruínas voltou à tona, e um mal que ali reside e até então permanecia profundamente adormecido, despertou. Nossa terra e nossas vidas estarão condenadas, se nada fizermos para encontrar, e se confirmado, erradicar esse mal antigo. Nós, o Conselho dos Anciãos de Turana conclamamos, deem um passo adiante aqueles corajosos que defenderão nosso lar.”

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