sexta-feira, 9 de julho de 2021

DCC RPG Sessão 2 Marinheiros do Mar sem Estrelas: Parte 2

E então, superados os traumas da primeira sessão, nossos bravos aventureiros resolvem mergulhar na segunda sessão.....

 


Ainda era uma bela manhã, onde o sol da primavera lutava contra os resquícios do frio que haviam se precipitado durante a noite das montanhas.
O vento farfalhava folhas nos arbustos e pássaros piavam ao longe.... Alex Tigg, o lenhador, observava fixamente o símbolo da Deusa da Natureza manchado de sangue fresco em suas mãos mas, o que mais chamava a atenção, era o silêncio desconfortável que abraçava o grupo de aldeões que tensos, observam as chamas consumirem os corpos de Jão, o caçador, e Filip "Chibbs", o sacristão do Templo de Ildavir, no fundo da pequena cova cavada por Gerald.
O grupo rapidamente havia notado que seu planejamento havia sido falho, uma vez ter sido necessário que Theor, o anão ferreiro, improvisasse uma pederneira utilizando a lâmina de seu machado e uma pedra que encontrou no chão, gerando uma pequena chama num punhado de mato embebido no óleo que Thule, o apicultor, trazia consigo. Essa pequena chama também acabou por consumir os corpos dos jovens Keary e Alban, os filhos do ferreiro que haviam sido possuídos pela vinhas malignas. Momentos antes, haviam visto o ventre de um dos rapazes despejar sobre o solo uma fedorenta gosma verde repleta de pequenas esferas negras. Após a manifestação de Jana, Eldaryon, o elfo sábio, tal qual uma ave negra que traz o mau agouro, olha para Walcy e diz:"Vaarn niffi....", para o que x jovem elfx olha para os demais e declara, "Sementes do mal".

Enquanto o grupo tenta se organizar Jana alerta que deveriam manter-se juntos, Jeremias avalia o arco curto e as flechas que havia recuperado do pobre Jão, e Attila examina as simples mas bem forjadas espada curta e adaga que recuperara dos corpos dos adolescentes.

Estranhamente, desde o início do incidente com as vinhas, Bronn, o mercenário e Coffin Joe, o coveiro, haviam seguido diretamente até os portões da fortaleza que se apresentava adiante numa elevação da colina. O que Bronn e Coffin Joe observavam então, era uma muralha composta não por blocos simétricos, mas por enormes rochas que se assentavam umas sobre as outras de forma irregular, e que das grandes frestas de suas junções, emergiam plantas, musgo e uma água escura e densa, que há séculos ficava entranhada nas rochas. A muralha nesta face apresentava um comprimento aproximado de 40m com 10m de altura, na sua direita, uma larga torre com quase 20m de altura marcava a a extremidade da muralha, enquanto do lado esquerdo, os restos do que outrora havia sido uma ponte levadiça seguia até uma câmara onde um arco de pedra delimitava o portão.
Em toda a área dessa câmara, era possível ver seteiras espalhadas pela construção e na parte superior do portão, três tenebrosos gárgulas de pedra na forma de grandes sapos, mostravam ameaçadoramente suas línguas, como que prontos para por ali cuspir azeite ou óleo fervente. Sob o olhar espantado de Bronn, Coffin Joe se adianta, e segue decidido até o gradil suspenso a não mais que 1m de altura diante de portão, atravessa-o e adentra sozinho a fortaleza.
O grupo que havia ficado para traz acaba por alcançar Bronn na entrada da fortaleza e Urhan, o astrólogo, Thule, o apiário e Jeremias, o hobbit marinheiro, decidem contornar a estrutura pela esquerda, a fim de examinar uma possível seção da muralha que parecia ter cedido naquela direção. Ao observar os três companheiros que se distanciam, Eldaryon soturnamente se faz ouvir: "Separem-se, e tenham funerais separados..."
O trio finalmente chega ao empilhado de rochas enormes e irregulares que havia se tornado aquela seção da muralha, e que se projeta em direção a ribanceira que ali circunda a estrutura. Sem muita cautela, resolvem tentar se esgueirar pela confusão de pedras. Em pouco tempo, Urhan sente que uma grande rocha cede sob seus pés, e provoca o desequilíbrio de outras que pareciam nela escoradas.... só há tempo para que Urhan grite um alerta desesperado a seus companheiros, e o som ensurdecedor e uma nuvem de poeira engole os bravos exploradores. Ao longe, em pânico, os demais observam a terrível cena, muitos deles apostando que estes três bravos agora se uniam a Jão e Filip. Alguns instantes se passam, a tensão vai aumentando.... por uma brecha na poeira que se move, alguém consegue avistar Jeremias finalizando a trilha sobre as rochas e adentrando a fortaleza.
Decididos a encontrar seus companheiros, o grupo segue determinado pelo portão. Assim que os últimos passam por baixo do gradil, um urro inhumano é ouvido vindo da parte superior da muralha, ao mesmo tempo que o gradil desce com intensidade para empalar algum dos aldeões.... milagrosamente, a agilidade salva suas vidas.
O pátio da fortaleza encontra-se coberto por vegetação que se deteriora exalando um pútrido odor, um solo úmido e pegajoso que faz os passos nos pequenos caminhos que cruzam o pátio difíceis e árvores que apesar de encharcadas e gotejarem continuamente, parecem já há muito mortas. Próximo a seção onde Urhan, Jeremias e Thule adentraram, existe a estrutura de um poço com polias e uma corrente que se projeta para seu interior, que encontra-se construído sobre uma elevação de pedra. Na parede a direita da fortaleza, uma construção em pedra enegrecida. Na parte superior da fortaleza, uma cratera parece ter engolido parte do pátio e da muralha.
Urhan, Jeremias e Thule seguem até o poço, ao passo que lá são alcançados por Opie, o fazedor de cordas e Eldaryon. Thule se adianta, e tenta avaliar a profundidade do poço.... assim que olha para seu interior, percebe que ali existe uma escuridão absoluta, as pequenas referencias de distância como as laterais internas de pedra, parecem desafiar a razão, se precipitando junto com a escuridão para as profundezas. Das profundezas, Thule vê emergir rostos que parecem sofrer, chorar e gritar.... gemidos e lamentos.... uma voz, que suavemente sussurra: "Venha.... venha...." em transe, de olhos vidrados encarando a escuridão, Thule imagina promessas de prazer eterno, poder, luxúria, quando subitamente....


"Ô rapazinho, que cê tá fazendo aí????", seguido pelo firme cutucar do indicador de Jeremias pressionando o espaço entre suas costelas. De súbito, Thule volta a enxergar a estrutura do poço, suas roldanas, seus companheiros olhando-o desconfiadamente, e então rompe com o transe…. Em algum lugar sombrio nos recônditos do universo, uma entidade do Caos furiosamente fecha seu punho, enquanto observa o hobbit Jeremias se afastar casualmente do poço. Opie amarra seu rolo de cordas na estrutura que sustenta as roldanas do poço, e o lança abaixo.... a corda estica e não parece alcançar o fundo. Urhan, lança uma pedra.... nenhum som retorna. Examinando a lateral do poço, Urhan identifica uma série de escritos, que apesar de não conseguir traduzi-los, identifica como a caligrafia do Caos. Pede ajuda a Eldaryon, que por instantes examina-os cuidadosamente, franze o cenho, morde o lábio inferior e declara: "Claramente caligrafia do Caos”. Estranhamente, Coffin Joe não parece estar no pátio.
Atilla, o barbeiro, Andras o pastor, Florian, o bobo da corte e Valentim, o costureiro, se posicionam nos arredores da porta que dá acesso à torre. Demais exploradores seguem até a estranha construção, que revela na verdade ter sido queimada por fora. Um portão de bronze retrata em alto relevo várias faces atormentadas que parecem suplicar, e uma inscrição em vermelho descascado se destaca  na parte superior: "Arrependa-se".
A estrutura é fechada simplesmente por uma viga de madeira que facilmente é retirada pelos exploradores, que revela uma cena dantesca: um forte cheiro de carne queimada exala de seu interior, assim como um calor inexplicável que há muito já deveria ter se extinguido. Seis esqueletos carbonizados, ainda envoltos em vestes e partes de armadura encontram-se espalhados pelo que parece ter sido uma capela, com bancos queimados desorganizadamente jogados. Um incensário enegrecido ainda solta um fiapo de fumaça na parede à esquerda. Uma mesa de pedra enegrecida encontra-se disposta ao fundo logo a frente de uma pequena fonte de um denso e estranho líquido negro, que ali escorre diretamente da bocarra arreganhada de uma maliciosa estátua de um grande sapo de pedra, que parece olhar diretamente para aqueles que atravessam a porta.



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