31/07/2022
Por alguns instantes o grupo fica estático diante da cena: de dentro de uma pequena caixa de madeira colocada em cima da mesa do quarto que ocupam na Raposa Astuta, um dedo decepado rola pelo chão. Lotar, Bauron e Isiscarus se aproximam e examinam o dedo. Valgrim vai até a janela aberta e olha ao redor.A unha é bem aparada e limpa, a pele parece jovem. Sangue fresco ainda escorre por dentro da caixa. Lotar finalmente põe em prática o encantamento com o qual labutou nos últimos dias: nem o dedo nem a caixa emanam auras de magia. Aproveitando a duração do feitiço, segue rapidamente até o salão da taverna e examina os frequentadores. Numa mesa central um animado halfling brinda com sua caneca de cerveja com seus companheiros, e uma iluminação é notada de seu bolso, assim como um senhor que avidamente se delicia com uma coxa de galinha. Num canto, um homem de meia idade fala detidamente ao ouvido de uma mulher de longos cabelos negros, e sua espada emite uma iluminação interessante. Apesar das emanações, Lotar acha esses indivíduos por demais comuns.
Isiscarus se junta a Valgrim e as evidências apontam que pela janela, vindo do telhado, o invasor entrou e saiu do quarto.
Alguns minutos depois todos se juntam no grande salão e decidem procurar algum conhecido na sede da Guarda da Cidade.
Já é noite em Rycote, algumas pessoas ainda transitam pelas ruas e cruzando a Grande Praça chega até o Distrito do Castelo. Na porta da sede da guarda são informados que tanto Faranis quanto Musalid já haviam encerrado seus turnos. Lotar indica que teria assuntos pessoais a tratar com quaisquer um dos dois, e recebe do guarda a indicação de que ainda poderia estar ocorrendo a comemoração pelo nascimento do filho de um dos soldados, e talvez Faranis lá estivesse. Seguem até a Javali Alado e lá encontram o mago da guarda com todos os seus dez dedos.
Mostram o “presente” e contam sua história. Faranis diz que a Guilda da Sombras, o grupo de ladrões que age em Rycote, punia aqueles que falhavam decepando dedos ou orelhas. O grupo acredita que então estavam recebendo um aviso. Faranis guarda a caixa e diz que no dia seguinte irá notificar seus superiores. Por sugestão de Faranis, decidem que deixarão a Raposa Astuta e procurarão um lugar mais reservado.
Lotar, nutrindo um início de paranoia, sente certa desconfiança de Faranis. Tentando não chamar a atenção dos demais, mas falhando, pede que Isisicarus siga Faranis esta noite. Valgrim e Bauron que notam a trama, ficam nos arredores e resolvem seguir os outros a distância.
Cerca de uma hora depois, Faranis e seus companheiros de comemoração deixam a Javali Alado. Atravessa o Distrito do Castelo seguindo em direção ao Distrito Leste. Isiscaus tenta agir sorrateiramente mas falha, e é facilmente acompanhado por Lotar, Valgrim, Bauron e Teebo. O mago da guarda segue por vários minutos pelas ruas da cidade até entrar em uma casa simples na Distrito Leste. Isiscarus se dá por convencido de que aquela é a residência do mago e dá a missão por concluída.
Na manhã seguinte se mudam para uma pensão no Distrito Leste chamada Quartos da Senhora Lenyr, ao custo 5pp por semana. A construção é discreta, limpa e existem seguranças que vigiam a casa todo o dia.
Durante esse dia, discutem os próximos passos e fazem compras para se prepararem para a nova exploração. Depois de muito discutir, resolvem investigar as Catacumbas do Esquecidos e depois seguir para a Sala do Portal de pedra, que Bauron e Drev haviam descoberto além de uma parede ilusória, na sala do encontro dos elfos negros. Lotar compra uma de ferro com um cadeado reforçado e deposita seus bens nela. Magicamente tranca a caixa.
No dia seguinte, Lotar fecha magicamente o quarto e o grupo parte em busca de riqueza e glória.
Atravessam as ruas do Distrito Leste, onde fica a pensão, cruzam o Distrito do Castelo até chegarem ao Cemitério. O dia está nublado e ameaça chover. Ninguém transita entra mausoléus e catacumbas. Isiscarus se aproxima do cadeado brilhando de novo que fora colocado ali, e rapidamente os ágeis dedos do halfling, manipulando suas ferramentas “especiais”, destravam a entrada. Adentram primeira sala que dá acesso a escadaria, próximo ao teto a conhecida inscrição “Aqui jazem, e jamais serão lembrados”. Isicarus acende sua lanterna e toma a dianteira, silenciosamente Bauron e Teebo o seguem. Por alguns instantes Valgrim e Lotar discutem sobre quem será o próximo, e o humano vence a disputa deixando o anão no fim da fila.
Chegam à primeira bifurcação e Isiscarus segue a esquerda, deixando para trás algumas placas de pedra na parede que guardam sepulcros simples. Mais a seguir novamente segue à esquerda e outras placas ficam para trás. Chegam numa área mais larga, onde encontram as mesmas portas arrombadas e caixões de pedra violados que haviam descoberto na primeira incursão. Seguem adiante.
Logo após nova bifurcação, chegam às três portas que outrora estavam fechadas e cuja porta do meio foi arrombada pelo grupo anteriormente. Isiscarus rapidamente arromba a primeira porta. Uma mesa de pedra simples, um caixão de pedra liso. Afastam a tampa do caixão e lá dentro há o cadáver deteriorado de uma mulher num vestido amarelo e cabelos loiros. Bauron desajeitadamente empurra a tampa que se espatifa no chão, se quebrando em vários pedaços. O som ecoa desconfortavelmente pelos corredores. Pede desculpas aos companheiros. Junto ao corpo, um cordão de prata com um pingente em forma de gaivota e um anel de ouro com uma bela pedra verde.
A terceira porta, a única nessa seção ainda intacta, encontra-se do lado oposto de um velho e corroído portão de barras de ferro. Isiscarus fica por algum tempo trabalhando na fechadura, mas acredita que a corrosão acabou por danificar seu mecanismo, e não consegue abri-la. Bauron se aproxima com seu escudo à frente e numa pancada seca golpeia a porta. A estrutura da fechadura permanece presa na parede, mas a porta se quebra e abre. Mais uma vez, o eco da porta se quebrando causa desconforto aos companheiros.
Dessa vez cuidadosamente retiram a tampa de pedra. O corpo decomposto de um homem grisalho vestido no que seria uma blusa de seda branca e calças de veludo vinho se revela. Um cinto de couro intacto, um anel de ouro com a imagem de uma chama engravada e uma bela adaga cujo cabo se assemelha a garra de uma ave são rapidamente recolhidos.
Os companheiros se preparam para sair e assim que chegam à porta do sepulcro, o sangue gela em suas veias... da porta de barras de ferro do lado oposto ao sepulcro um urro gutural se espalha pelos corredores. Por entre as barras, dois pares de braços se projetam em direção ao grupo. Vários dos dedos são apenas ossos, e pele e carne se desprendem dos braços. Um cheiro repugnante de podridão vem daquele corredor, e os rostos que se espremem por entre as grades, possuem olhos cujo brilho da vida há muito se perdeu... mais uma vez aquelas gargantas horrendas urram, com fome.
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