domingo, 28 de agosto de 2022

OLD DRAGON Sessão B9 Sob a sombra de Nergal

 

26/08/2022

Por alguns instantes os anões permanecem olhando uns para os outros no centro da sala. Arromba a porta, seguir por outro corredor, voltar pelo caminho por onde chegaram... enquanto a dúvida assombra o pensamento de todos, um repentino e horrendo barulho se faz ouvir mais alto do que as vozes... os estômagos de Thorn e Gundabad roncam mais alto que um gigante da colina enfurecido.

“O primeiro quarto pareceu vazio. Que tal tentarmos entrar e caso seja seguro, descansar um pouco lá” sugere Erisdrale. Todos concordam.

A anã testa a maçaneta e sorridente abre a porá destrancada. Um dormitório, conforme anteriormente notado, composto de uma grande cama com um baú aos pés, uma penteadeira, uma mesa e cadeira. Afastam o mosquiteiro de sobre a cama e Soturno imediatamente começa a testar o colchão.

Godorim encontra lençóis e uma coberta sobressalente dentro do baú, Gundabad com a chave que encontrou presa num gancho atrás da porta, tranca-a e cobre a fechadura com um lençol. Eri nas gavetas da penteadeira descobre um frasco de perfume, um pente de marfim e uma escova, e recolhe os dois primeiros. Todos notam que existe uma fina camada de poeira cobrindo todo o ambiente, e que apesar de amarelados, os tecidos parecem ter resistido ao tempo.   

Após algum tempo, resolvem saciar a fome que já se fazia sentir e apesar do desconforto de Thorn, decidem descansar um pouco mais no convidativo e aparentemente seguro cômodo. Por quase uma hora alguns caem num sono profundo, enquanto outros têm um descanso menos tranquilo, acordando sobressaltados de tempos em tempos.

Mais bem dispostos, decidem tentar entrar no outro dormitório. Antes de olhar novamente pela fechadura, Erisdrale aposta 1po com Soturno que a mulher ainda estaria na mesma posição, penteando os cabelos. A anã abaixa levemente a cabeça para alinhar a visão com a fechadura, e apenas estica a mão ao primo para receber a moeda.

Gundabad com uma pancada seca da maça, arranca a fechadura da porta. Assim que Eri adentra o cômodo, nota que a mulher olhava desinteressadamente para ela, e logo volta a olhar o espelho e pentear os longos cabelos loiros.

Tensos, os anões adentram o dormitório, que em muito se assemelha ao que haviam utilizado, com exceção é claro da mulher diante da penteadeira e de um painel em madeira que cobre inteiramente a parede ao fundo, trabalho em figuras de árvores entalhadas.

Gundabad se aproxima da mulher, agora identificada como humana, e começa a examiná-la e imediatamente nota que ali há algo de muito estranho... Apesar de estar diante dele, Gundabad acha que a figura não está exatamente ali, não sente cheiro ou sons vindo dela. O anão fica pálido ao notar que no espelho adiante seu reflexo e o de Eri aparecem, mas nada veem da mulher.

Durante algum tempo o grupo permanece em choque. Notando que sua presença é praticamente ignorada pela mulher, aos poucos recuperam o controle.

Diversos tipos de interação são tentados, desde tocar a mulher com a vara de 3m até pendurar em seu pescoço o cordão com o pingente de estrela encontrado no corpo da elfa na caverna. Têm convicção que a pobre alma está presa ali por algum motivo mas não têm ideia de como libertá-la.   

Pensam em cortar seu cabelo e movem o espelho, acreditando que ela poderia estar presa a ele. Nada acontece.

Thorn investigando o conteúdo do baú, descobre algumas roupas femininas que foram bastante afetadas pelo tempo, um anel de ouro com uma pedra púrpura (ametista), uma pulseira de ouro com três pedras azuis (lápis lazúli) e um cordão em prata com uma imponente medalha representando um urso, com uma das orelhas partida. O anão mostra a medalha a Gondorim que diz não reconhecer a origem do símbolo mas a falta da orelha não parece um dano, mas como a figura foi realmente esculpida, e no verso do medalhão há uma inscrição: IS.

Erisdrale começa a investigar o painel. Gundabad começa a ficar angustiado com ânsia de libertar aquela alma. Gondorim se aproxima da mulher e diz “Você está há muito tempo aqui?”

Ela volta os olhos distantes ao velho anão e após alguns instantes, para surpresa de todos diz “Não sei”.

Segue-se diversas perguntas:

“Como se chama?”, “Iara”.

“O que você faz aqui?”, “Sou uma convidada de mestre Nergal”.

“Ele trata todos seus convidados assim?”, “Não sei.”

Começam a confabular.

Erisdrale descobre que uma das seções do painel de madeira oculta uma passagem secreta, mas para a tensão de todos, agradável iluminação que até então em todo o complexo, não mais existe, e os corredores adiante ao invés do belo mármore rosa são construídos em ásperos blocos de pedra.

“Onde leva essa passagem secreta?”, “Não sei de passagem secreta.”

Thorn então se aproxima da mulher e pergunta “Mulher, como podemos libertá-la?”

Por algum tempo o olhar se perde, e então fitando o duro anão responde “Para libertar-me será necessário algo que me pertence... algo que não está aqui... algo que está escondido.” 

Depois das enigmáticas palavras os anões decidem seguir pelo corredor recém-descoberto agora iluminado pela lâmpada de Eri.

Após uma curva o corredor chega numa parede que Erisdrale identifica como uma nova porta secreta, que rapidamente é aberta.

Com Soturno à frente, descobrem à esquerda uma pesada porta de metal com motivos sombrios. Decidem seguir pela direita. Após uma curva, chegam num longo corredor que passa por mais uma das portas sombrias e seguem adiante, alcançando uma sala.

Após um rápido exame de Soturno sob a iluminação da lanterna, adentram uma sala com quatro belas poltronas estofadas com veludo roxo, um tapete no chão na mesma cor. Uma pequena mesa se encontra tombada no chão e seu tampo de vidro quebrado. Um narguilé vazio parece ter caído da mesa, que Gundabad recolhe, e algumas armas, uma maça, um arco curto e duas flechas inteiras e quatro quebradas estão espalhadas. De uma das paredes uma imponente pintura de Nergal parece observar o grupo. “A festa foi animada...” alguém comenta. Soturno fica com a maça, que identifica como obra dos anões. Sente um certo formigar na mão quando empunha a arma.

Em um anexo a sala, descobrem copos e taças. Seis garrafas de vinho de ótima qualidade são recolhidas por todas, Soturno guarda uma garrafa de conhaque.

 Como que selando um pacto, cada um dá uma golada até esvaziarem uma das garrafas de vinho e então se dirigem para mais uma das portas de ferro encontraram nesta sala.

Após alguns passos no corredor Soturno identifica um corpo caído no chão. Já completamente decomposto, os ossos estão envoltos numa armadura de couro e numa capa verde. Uma fina tira de couro sustenta uma pequena medalha de prata, com um martelo sobre um escudo, que Godorim identifica como sendo de Exdos, divindade da guerra normalmente venerada por humanos e elfos.  Um belo montante jaz ao lado de seu falecido dono.

Algum tempo se passa enquanto os absortos anões examinam o achado, quando repentinamente Eri solta um desesperado grito de dor.

Da escuridão da continuação do corredor, um enorme esqueleto cujo crânio é encimado por um elmo, portando uma estranha espada que emite uma luminescência vermelha, dirige as órbitas em direção aos anões. Após acertar as costas de Erisdrale, aos poucos vai erguendo o braço preparando o próximo golpe.      

Nenhum comentário:

Postar um comentário