domingo, 17 de setembro de 2023

OLD DRAGON Sessão D1: Viagem à Maior Cidade Que Já Existiu

 

A cidade de Vila Verde está localizada na porção ocidental de Calenglad, A Grande Floresta, a poucos dias de viagem da capital Stagenhoe, sua grande parceira comercial.

Dessa parceria, o Senhor Elturo, um bem estabelecido comerciante da vila, é profundo conhecedor. Muitas das terras de Elturo produzem cevada que é vendida para a capital, onde a abundante e onipresente cerveja Stagen Ale é produzida.

Mas os interesses do Senhor Elturo transcendem a simples administrações de fazendas e plantio de cevada. Há algum tempo atrás, chegou a seu conhecimento a história de uma espécie de cristal, cujas magníficas propriedades eram cobiçadas pelos mais proeminentes arcanistas dos mais distantes cantos do mundo. Algumas eram as lendas que cruzavam feitos únicos realizados por feiticeiros lendários com a presença de um estranho cristal de cor amarelo vibrante.

Mas se aproximar de cristal exigiria de Elturo viajar até Irlun, A Joia do Oeste, A Maior Cidade Que Já Existiu, provavelmente a cidade mais rica  conhecida. Felizmente, Irlun se situa na costa, a pouco mais de uma semana de viagem do extremo oeste da Grande Floresta.

Conversas e acordos iniciados, resta a Elturo arregimentar um time de guarda-costas capazes de conduzi-lo em segurança pelo caminho.   

De imediato Elturo decide por acionar Valgrif, um mal-encarado, de baixa estatura e até mesmo truculento colaborador que o senhor já havia empregado em situações anteriores, e que era de sua total confiança.

Pensando ainda em força bruta, Elturo se lembra de um hábil anão ferreiro, reservado mas educado, um estrangeiro em Calenglad chamado Berthangahr. O convite é prontamente aceito.  

Naquela noite na movimentada taberna O Canto do Tordo, Elturo de uma sala reservada acompanhado de Valgrif, observa as várias figuras que munidas de canecas de vinho e cerveja, ouvem a canção sobre corações partidos de Buster, o gnomo menestrel conhecido como O Tordo de Calenglad.   

A taberna é famosa na cidade como ponto de encontro de aventureiros e homens de armas em busca de trabalho. Sob o olhar curioso de Buster, que por momento algum vacila no ritmo se sua canção, algumas pessoas são discretamente abordados por Valgrif e conduzidas a sala reservada. 

O primeiro é um halfling chamado Dagollas. Usando incomuns cabelos encrespados e enrolados como as longas buchas que nascem nas altas árvores que coletores vendem para auxiliar na higiene e lavar as louças. A incomum voz fina e esganiçada quase faz Valgrif rir, mas Dagollas aceita o convite.

O segundo é um homem de pele escura, bem armadurado e alto, que estranhamente tem os olhos marejados quando abordado por Valgrif. Parece sussurrar lamentos e seu semblante é triste e desesperançoso. Seu nome é Syr Thovanak e certamente e parece um estrangeiro. Demora um pouco para aceitar o convite, mas no fim... "ele se foi mesmo... Porque não?"

Por fim, Valgrif aborda um estranho elfo, que parece conversar com a própria caneca. Quando abordado com a proposta, diz "nós aceitamos". Valgrif olha para os lados... "nós quem?" O elfo responde "nós, quer dizer eu....aceitamos. Entenda, está aceito", e sem mais palavras levanta e se dirige para a sala reservada.

Buster nota que assim que o elfo se levanta, entra pela porta do Tordo o anão Berhangahr, que segue na direção apontada por um leve movimento de cabeça de Valgrif.

Buster observa toda a movimentação, pega uma caneca de cerveja que faz parte de seu pagamento e se posiciona despretensiosamente ao lado da porta aberta ocupada pelo grupo.

Assim diz Elturo:

"Senhores, como talvez saibam, sou um empenhado comerciante da Vila Verde, buscando ampliar meus negócios. Estabeleci contatos na importante cidade de Irlun, a Joia do Oeste, e preciso seguir até lá para fazer os acertos finais. Para isso, busco um grupo que possa me auxiliar nesse percurso. Posso pagar 20po, para cada um daqueles que me auxiliarem na ida, e a mesma quantia quando do regresso à vila. 

Adicionalmente, tomei conhecimento de que minhas contrapartes em Irlun possuem uma outra oportunidade na cidade, uma espécie de competição, que pode gerar uma quantia muito maior, caso vocês se interessem por ela."

O grupo sentado parece se interessar pela conversa, e repentinamente Buster irrompe pela porta surpreendendo a todos. "Senhor Elturo, certamente alguém que conhece as estradas da região e ouve a histórias que contam sobre elas, seria muito útil!" Elturo rapidamente aceita a oferta de Buster, e o gnomo se une a trupe.

Na manhã seguinte o grupo se reúne na porta do Tordo. Buster sugere a Elturo que para uma viagem de negócios por longas estradas, a discrição seria um trunfo, e roupas menos vistosas, menos joias e cavalos e selas mais comuns também seriam boas opções. Elturo olha para Valgrif, que dá de ombros. O comerciante e seu braço direito então se decidem fazer as trocas. Cerca de uma hora depois retornam em trajes e com cavalos menos chamativos. 

Tudo pronto, notam que Dagollas o halfling aida não havia aparecido. Valgrif vai até o estalajadeiro, que não tem ideia do paradeiro do halfling.

Discutem por alguns minutos, até que subindo uma rua lateral notam uma pequena figura sobre um pônei, cercado de várias pessoas cantando canções alegres e trazendo flores...

"Essas agradáveis pessoas vieram se despedir do Senhor Elturo e desejar-lhe uma ótima viagem de negócios em Irlun", diz alegremente Degollas.

As caras sérias e o silencio se espalha pelo grupo. Até mesmo Eluro, normalmente simpático, olha torto para o halfling. Sem cerimônias, Valgrif dispersa o grupo de Degollas, e bota a companhia nas estrada.

Por dois dias viajam até Stagenhoe, a capital de Calenglad, no extremo oeste da floresta. A cidade é ainda maior que Vila Verde. Uma murada de aproximadamente 4m de altura contorna-a. Mas notam que uma boa porção da murada como várias construções dentro da cidade ruíram, e estão sendo reconstruídas. Na estalagem que pernoitam, ouvem reclamações sobre aumento de tributos por todo o reino.

Por aproximadamente uma semana viajam pro planícies fora de Calenglad até avistarem ao longe a imensa Irlun.

Com curiosidade notam que algo aparentemente enorme flutua sobre a cidade.

As muralhas diferentemente de Stagenhoe, são altas, ultrapassando facilmente a 15m de altura. Ao redor delas, várias casebres pobres se aglomeram.

Param nos portões abertos adornados com as bandeiras de Irlun, onde Elturo apresenta uma carta aos guardas que indicam uma direção ao grupo. 

Conforme caminham pelas movimentadas ruas da cidade, notam um pouco de sua opulência... são várias as construções altas, algumas delas com facilmente 5 ou 6 pavimentos. Carroças e carruagens trafegam entre as pessoas. Avenidas são cruzadas por ruas menores e estas, discretamente dão passagem a ruelas e becos.

Berthangahr assombrado aponta quando descobre do que se tratava uma das coisas que flutuava sobre a cidade... uma grande barco que parecia estacionado no ar. Aos poucos, notam que são 4 os barcos, 3 deles carregando o estandarte de Irlun. Vem um deles soltar um escada de cordas sobre um dos prédios, por onde alguns homes descem. Pouco tempo depois, um outro homem parece descer flutuando até o prédio.

Identificam uma aglomeração próxima a uma praça, e descobrem ser uma execução de três bandidos. Buster, se apresentando como Efésius, puxa conversa com uma homem mais velho de cabelos brancos desgrenhados, barba branca separada em duas tranças. Depois de gritar a plenos pulmões, o homem se apresenta como Alfeu, e diz que além de bandidos, aqueles seriam aliados a Guilda dos Ladrões e mereciam ser executados. Seriam homens de Hannes, O Senhor dos Gatunos.

Dagollas vira o rosto quando ouve o som dos alçapões se abrindo.

A noite se hospedam numa estalagem chamada de Conforto do Distrito Sarann. Mas já noite avançada, Elturo convoca a todos para uma reunião. Surpresos, vem que além de Valgrif, o contratante está acompahado de uma bela jovem de pouca idade, cabelos negros e vestida numa pesada capa se fecha completamente ao redor dela. Por mais de 40min caminham pela noite de Irlun, transitando por ruas escuras e muitas vezes desertas.

Chegam a uma espécie de armazém vazio, guardado por três homens que abrem passagem para o grupo. No fundo, na escuridão, encontram mais três homens que  abrem um alçapão e por uma longa escada descem por vários andares até chegarem a uma porta de metal. A jovem abre a porta e diz "sigam". A porta se fecha atrás deles.


Uma escura sala iluminada apenas por um candelabro de madeira no teto onde poucas velas estão acesas. Nas laterais da sala é possível notar que estranhas cortinas contornam todo o limite. Adiante, uma pesada cadeira feita em blocos de madeira rústicos está desocupada.

Por detrás das cortinas notam certa movimentação e na escuridão, figuras começam a sair detrás delas. A maioria percebe apenas silhuetas, mas alguns identificam as mais diversas origens: Homens, anões e halflings certamente estão ali, assim como outras origens difíceis de identificar. 

Da cortina atrás da cadeira de madeira, uma mulher elfa, de longos cabelo negros e uma vistosa capa roxa surge, olha rapidamente para todos, e por vários instantes encara Syr Thorvanak, finalmente se posicionando à direita da cadeira.

Um homem grande, ombros largos e cabelo desgrenhado surge.  Carrega duas espadas na cintura, e à luz das poucas velhas do lustre, presas proeminentes transparecem a alguns que ali corre sangue orc. O homem imediatamente se dirige na direção de Syr Thorvanak, permanecendo a dois passos dele. A respiração é pesada e constante, e Thorvanak sente o hálito desagradável.

Detrás das cortinas, um homem velho, calvo no alto da cabeça e esparsos fios brancos ao redor, adentra o sala portando um pesado livro junto ao peito. A pele do velho e estranha, extremamente branca e ressecada, parecendo até que este possui algum tipo de enfermidade. Conforme anda, todos ouvem sons de metal batendo e rapidamente nota que mãos e pernas estão presas por grilhões. Finalmente notam que na direção da boca, possui uma bizarra espécie de mordaça de metal fechada por cadeados.

Logo atrás deste, uma homem de meia idade, longos cabelos loiros começando a acinzentar, assim como o seu cavanhaque. Os olhos são semicerrados, as roupas negras e na maioria em couro. Carrega uma taça de vinho na mão direita e se senta displicentemente na cadeira de madeira. 

"Minha satisfação finalmente encontrá-lo, Mestre Hannes", diz Elturo.

"Seja bem-vindo a Irlun, Senhor Elturo" responde o homem sentado a cadeira.

Eltruo então diz que está ali para das continuidade os negócios anteriormente acordados, e que este era o grupo que o escoltou até Irlun, e que talvez estivessem interessados na "competição" a qual havia sido alertado.

Hannes, olha para a elfa a sua direita, que displicentemente responde "há um homem de fé entre eles... muito peculiar", e Hannes com os olhos ainda mais cerrados olha na direção de Syr Thorvanak curioso. O meio-orc se aproxima a um palmo do rosto de Thorvanak e ruge irritado, lançando uma chuva de perdigotos no rosto do viajante, e fixando o olhar em cada um de seus companheiros. "Bem", diz Hannes, "vamos entender a situação". O meio-orc se afasta com os músculos nitidamente retesados.

Olhando rapidamente em volta, Buster tenta entender melhor a área em que estão e seus ocupantes que permanecem resmungando na penumbra. Nota, com desconforto que adiante, visivelmente olhando em seus olhos e sorrindo, está o homem da barba branca trançada que pedia pela execução na praça a tarde. 

Tomando a frente, Buster diz, "Mestre Hannes, chamo-me Efésius e gostaria de discutir melhor a situação". Hannes olha novamente para a elfa, que diz "Buster, bardo de Calenglad que normalmente se apresenta na Vila Verde". O meio-orc grunhe na direção de Buster, mas não se move.

"Bem, parece que não podemos nos manifestar que o cão de guarda já late...". Com um urro o meio-orc avança na direção de Buster com as costas da mão preparada para esbofetear o gnomo que agilmente recua e saca uma adaga com a intenção de se defender... a bofetada atinge a adaga em cheio e sangue escorre rapidamente da mão do meio-orc, respingando abundantemente pelo chão. A adaga de Buster voa, pousando próxima ao limite da penumbra. Risos e resmungos vêm da escuridão.

"Já chega!", ordena Hannes. O meio-orc retorna a sua posição, fitando furiosamente Buster.

"Então" retoma o gnomo enquanto recolhe sua adaga, "do que se trata essa competição, e quem são os outros competidores?..."    

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